Política Titulo Aparando arestas
Podemos e PSDB entram em divergência e união fica emperrada

Federação de tucanos com Cidadania e indefinição sobre um futuro presidente do novo partido travam aliança, antes dada como certa

Bruno Coelho
11/06/2025 | 04:00
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FOTO: Denis Maciel/DGABC 5/4/25


Dada como certa, a aliança entre o Podemos e o PSDB está estremecida e corre o risco de não sair do papel mesmo após os tucanos aprovarem, em convenção nacional, a incorporação ao partido, há menos de uma semana. Entre os motivos estariam questionamentos jurídicos e divergências sobre a presidência no âmbito federal. No Grande ABC a nova sigla teria o comando governamental de Santo André e São Bernardo, os dois maiores municípios da região, além de uma numerosa bancada de vereadores.

Um dos entraves para a unidade entre tucanos e podemistas seria a federação PSDB-Cidadania. Homologada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em maio de 2022, a união entre as duas legendas deve ser mantida por pelo menos quatro anos, conforme estabelece a resolução federal 23.670/2021. O partido que se desligar antes poderia ficar impedido de ingressar em outra federação, de celebrar coligação nas duas eleições seguintes e, até completar o prazo mínimo remanescente, de utilizar o fundo partidário.

Entretanto, os tucanos não enxergam a federação como entrave, visto que na concepção do partido o Podemos seria incorporado ao PSDB, podendo manter essa junção, até maio de 2026. Outro facilitador é que o diretório nacional do Cidadania já decidiu, em março, que deixará a união com o tucanato.

Outro motivo que dificultaria a aliança Podemos e PSDB viria de alas tucanas, que item a necessidade de aparar arestas sobre o período de presidência do novo partido. Há quem defenda um rodízio na presidência nacional, inspirado no modelo previsto para a federação entre União Brasil e Progressistas, sendo que o acordo inicial é que a deputada federal e mandatária nacional da sigla podemista, Renata Abreu, fosse mantida ao cargo.

Sob a óptica do PSDB, os maiores desafios são jurídicos, visto que se trata de uma aliança entre dois partidos de grande expressão, gerando um novo precedente eleitoral. O Podemos tem hoje quatro senadores e 15 deputados federais, enquanto os tucanos somam três cadeiras no Senado e outras 13 na Câmara Federal. A ideia é que a incorporação saísse do papel ainda neste ano, mas dependeria da celeridade do TSE. 

Diante do cenário nacional, a convergência entre PSDB e Podemos estaria esfriando. Líderes podemistas confirmam a mudança de cenário, que antes era otimista, mas agora estaria em um ime com “50% de chances de dar certo e outros 50% de dar errado”. Apesar disso, a estratégia é evitar uma manifestação pública sobre tais divergências, até que haja uma definição entre os dois lados.

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Presidente estadual do PSDB e ex-prefeito de Santo André, Paulo Serra ite a existência de algumas arestas a lapidar. Porém, demonstra confiança em um consenso com o Podemos. “Estive em Brasília para essa mudança no nosso estatuto (permitindo a incorporação). Os partidos estão dispostos a se tornar uma alternativa para o Brasil, longe de extremismos. Há questões a resolver, mas sigo otimista para um resultado que seja interessante”, afirmou.

No Grande ABC, o Podemos conta, por meio do prefeito Marcelo Lima, com o comando de São Bernardo, enquanto os tucanos têm em Santo André, sob tutela de Gilvan Júnior, a sua maior fortaleza no Estado. Nas câmaras das sete cidades da região, a nova sigla chegaria a 18 vereadores, maior bancada considerando apenas um único partido. Entretanto, resta agora acompanhar os desdobramentos e ver se o ‘casamento’ se manterá vivo ou vai naufragar.




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