Restaurante em São Bernardo conquistou gerações com pratos à la carte, tempero caseiro e o prato predileto do presidente
No número 930 da Rua Cristiano Angeli, coração do bairro Assunção, em São Bernardo, uma história de resistência, afeto e tempero verdadeiro se mantém viva há 41 anos. É ali que funciona o Gijo’s Restaurante, uma das casas mais tradicionais da cidade, comandada com mãos firmes e corações cheios por Juno Rodrigues Silva, o Gijo, de 82 anos — ou, como os mais íntimos o chamam, Topo Gigio — e sua esposa, Divina Maria Duarte Silva, 77.
Gijo não é apenas o nome e o rosto por trás do restaurante. É também sua memória viva. “Aqui era um problema. Tinha de tudo, até strip tease”, recorda, ao falar sobre o ponto comercial que comprou nos anos 1980. “Quando eu assumi, fui contra tudo e todos. Só teve uma pessoa que acreditou em mim: o Lula.”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é amigo pessoal de Gijo. Os dois se conheceram nos tempos das greves no Grande ABC, quando Gijo, então metalúrgico da Karmann Ghia, participou dos movimentos sindicais. “O Lula entrou por aquela porta ali, viu a situação e perguntou: ‘É isso que você quer, Topo Gigio?’ Respondi que queria um restaurante para a minha família. Ele me desejou boa sorte e me deu força.”
Desde então, o restaurante foi sendo moldado por trabalho duro e dedicação diária. Os donos chegam às 6h30 e só saem no fim do expediente. Nas paredes, fotos antigas contam a trajetória do lugar e da cidade — com destaque especial para os registros ao lado do presidente Lula. “Ele adora a nossa chuleta. Já falou dela até nos Estados Unidos”, orgulha-se Gijo.
O prato que conquistou Lula é a “chuleta paulista”, um corte especial criado por Gijo: “É um contrafilé com osso, feito na chapa, do meu jeito. Veio da ideia de um caminhoneiro que queria um prato igual ao das estradas. Não achei nada que eu queria, então inventei.”
O prato é servido em uma caixa improvisada — feita por ele mesmo com madeira de caixa de tomate e uma chapa de ferro. Pesa mais de 850 gramas e chega acompanhado de arroz, feijão e salada, por R$ 180. O sucesso é tanto que, quando Lula esteve preso em Curitiba, entre 2018 e 2019, Gijo mandou chuleta para ele.
Mas não é só o corte que faz sucesso. “O segredo está no tempero da dona Divina”, garante o dono. É ela quem comanda a cozinha todos os dias. “Aqui tudo é feito na mão. Alho e cebola frescos, nada de tempero artificial. O molho é com tomate de verdade, cerca de 50 quilos por semana”, conta a cozinheira.
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