Com 34 anos de carreira na Polícia Civil e um histórico de atuação em delegacias especializadas e distritos da Capital e da Região Metropolitana, o delegado Eduardo Cardoso de Almeida Castanheira assume pela primeira vez o comando de uma seccional. À frente da Delegacia Seccional de Diadema, dá sequência a uma trajetória já construída na região — onde esteve recentemente à frente do 3º Distrito Policial da cidade. Agora no comando das investigações do município, Castanheira aposta na integração entre as forças de segurança, com destaque para o trabalho conjunto com a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal.
RAIO X
Nome: Eduardo Cardoso de Almeida Castanheira
Aniversário: 27 de agosto
Onde nasceu: São Paulo
Onde mora: São Paulo
Formação: Direito com pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal
Um lugar: Fernando de Noronha
Time do coração: Corinthians
Alguém que ira: A mãe, Diva Therezinha Cardoso, in memorian
Um livro: Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski
Uma música: You’ll Be In My Heart, de Phil Collins
Um filme: O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola
O Sr. assume uma Seccional pela primeira vez, mas já tem uma longa trajetória na segurança de Diadema. Como enxerga esse novo desafio?
Realmente é um grande desafio. Já havia trabalhado na cidade em 2015, à frente da Delegacia do Meio Ambiente e, posteriormente, fui para o primeiro DP (Distrito Policial) de Diadema. Trabalhei também como titular de São Caetano, onde respondia por três unidades. Na época que trabalhei, entre 2016 e 2017, haviam três delegacias, mas hoje mudou, são só duas. Depois fui para o 2º DP de São Bernardo. Então, tenho uma história aqui no Grande ABC e agora assumindo a Seccional de Diadema.
Quais objetivos o Sr. almeja estando à frente da Seccional em 2025?
O objetivo é unir e integrar as forças de segurança, a Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Municipal), que é comandada pelo prefeito Taka Yamauchi (MDB). Acredito que, com a união das forças de segurança, conseguiremos apresentar um bom trabalho e resultados, que no nosso caso é a diminuição da criminalidade. Já na minha gestão fizemos uma operação conjunta com a Prefeitura no intuito de minimizar a situação dos pancadões, um dos problemas que assola a população, não só de Diadema, mas acredito que de várias cidades.
No âmbito da diminuição da criminalidade, quais são as prioridades?
Vamos focar no combate ao crime contra o patrimônio, que são os roubos de celulares e de veículos, por exemplo. Estamos focando no combate, para diminuir os índices desses tipos de crime, e ainda atuando também fortemente na área de apreensão e prisões no que diz respeito aos entorpecentes. Diadema, querendo ou não, é uma rota do tráfico de drogas por dar o para vias importantes, como a Rodovia dos Imigrantes. Dessa forma, desde a minha ascensão ao cargo já conseguimos realizar apreensões de entorpecentes e prisões de traficantes que estavam com drogas em Diadema. Com relação aos homicídios, apesar de ser um crime que não conseguimos prever, o setor vem esclarecendo uma grande parte deles com bom nível de sucesso. Temos a Delegacia da Mulher que também vem fazendo um trabalho muito bom. Contamos no prédio da Seccional com a Sala Lilás à disposição das mulheres vítimas de violência quando a Delegacia da Mulher não está aberta. Tudo isso para trazer um melhor atendimento à população de Diadema e, por consequência, a redução dos índices criminais.
O Sr. acredita que o efetivo atual da Polícia Civil em Diadema é compatível com os desafios enfrentados?
Gostaria de pontuar o apoio que estamos recebendo por parte do governo estadual, por meio da Secretaria da Segurança e do nosso departamento, o Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo). Existe uma defasagem, só que neste ano já estão em curso vários concursos públicos para as carreiras na Polícia Civil. Acredito que até o fim do ano vamos recompor ou chegar próximo ao número ideal de policiais no município de Diadema. Nosso bom relacionamento com as forças de segurança é muito importante também neste quesito. Junto à Polícia Militar e com a Prefeitura, por meio da GCM, os resultados são positivos para os moradores de Diadema.
Qual é o crime que causa mais dor de cabeça para a Polícia Civil do município?
Pontuar somente um tipo de crime seria difícil, mas aqueles que envolvem violência trazem repulsa, não só para a polícia como para a sociedade em geral. Crimes violentos que envolvam criança, de cunho sexual – que também é apurado pela Delegacia da Mulher. São crimes que chocam e que exigem uma maior reprimenda por parte do Estado. Temos de frisar também os crimes de latrocínio, que são roubo seguido de morte, e o próprio homicídio, que por vezes tem requintes de crueldade.
Em tempos em que o crime se moderniza e usa tecnologia para agir, como a Polícia Civil de Diadema está se adaptando para não ficar atrás?
Sim, é um crime crescente, tanto que o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) conta com uma divisão específica para a apuração de crimes cibernéticos. No entanto, a polícia como um todo atua no combate, não apenas essa unidade especializada, qualquer delegacia pode investigar crimes virtuais. Temos observado um aumento constante desses casos, e a polícia precisa, por meio do trabalho de inteligência, buscar estar sempre um o à frente dos criminosos. Aqui em Diadema também contamos com um setor de inteligência que, além de atuar nos crimes virtuais, também apura estelionatos. O uso da inteligência é essencial para que consigamos alcançar o maior número possível de esclarecimentos.
Como funciona o trabalho integrado entre as três seccionais do Grande ABC?
Essa relação é muito boa. O Demacro possui nove seccionais: Santo André, São Bernardo, Diadema, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Osasco e Taboão da Serra. No que diz respeito às Seccionais mais próximas – no caso, do Grande ABC: Santo André, São Bernardo e Diadema, já que São Caetano pertence à Seccional são-bernardense –, o relacionamento nosso é excelente. Somos amigos, profissionais, e existe essa troca de informações quando há necessidade de apurar um determinado crime que envolva duas ou até as três seccionais. Existe essa conversa e o relacionamento é muito bom. Nos falamos por mensagens, ligações e, dependendo da situação, marcamos um encontro, seja formal ou informal. O importante é o esclarecimento dos crimes e essa relação cordial que existe entre os três seccionais da região.
O Sr. faz parte das mudanças recentes promovidas, mas também houve alterações em outros setores da Polícia Civil, como as diretorias do Demacro e o Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil). Como avalia o impacto dessas trocas na condução das políticas de segurança pública?
Acho salutar. Toda mudança, para algumas pessoas, gera um desconforto, porque às vezes existe uma acomodação, já está há muitos anos num lugar. Porém, toda troca tem um caráter técnico. Não cabe a mim esclarecer quais foram os critérios ou ponderações, mas tudo é baseado em questões técnicas e profissionais para recompor ou colocar uma equipe nova. Cada um tem um perfil. Nós, como gestores, temos de analisar o perfil de cada pessoa e isso cabe em todos os níveis da istração. O secretário de Segurança, o governador, vão colocar cada profissional no local em que ele mais se destaca, onde tem mais habilidade. Acredito que as mudanças foram boas. Houve remanejamento e também foram colocados novos delegados em postos de chefia. Isso dá uma chance para a pessoa demonstrar o trabalho e a capacidade profissional. Acho isso muito importante.
O Sr. já teve a oportunidade de alinhar estratégias ou discutir prioridades específicas para a segurança de Diadema com o Luiz Carlos do Carmo, chefe do Demacro?
Sim. Inclusive, gostaria de pontuar o profissionalismo do Luiz Carlos do Carmo. É uma pessoa muito capacitada, que dá todo o apoio para os seccionais. Isso é muito importante. Quando temos esse relacionamento aberto entre os seccionais e o diretor, isso gera união. Percebemos que todos trabalham em prol do departamento, para que o Demacro traga resultados positivos. Com relação ao Luiz Carlos, só tenho a agradecer e elogiar o trabalho que ele está desenvolvendo.
O que o Sr. considera mais gratificante na carreira na Polícia Civil?
Só tenho que agradecer à carreira. É uma profissão árdua, por conta da natureza do trabalho, mas também de muita satisfação por poder fazer o bem às pessoas. Utilizar a posição que temos para fazer o bem, reduzir a criminalidade e trazer segurança para a população traz uma retribuição muito boa. Para quem está se formando em Direito ou ainda está em dúvida sobre qual faculdade cursar, acho que essa é uma profissão de muita responsabilidade, mas também de muita satisfação pessoal. Independentemente dos percalços e das dificuldades, é uma honra pertencer à Polícia Civil. A quem sonha em ser policial, digo: siga estudando. Seja Polícia Civil, Militar, Guarda Municipal, fazer parte das forças de segurança é uma honra e um privilégio.
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